segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pai Omolu



Tatá Omulu, enquanto força cósmica e mistério divino, é a energia que se condensa em torno do fio de prata que une o espírito
e seu corpo físico, e o dissolve no momento do desencarne ou passagem de um plano para o outro. Neste caso ele não se apresenta
como o espectro da morte coberto com manto e capuz negro, empunhando o alfanje da morte que corta o fio da vida. Esta descrição
é apenas uma forma simbólica ou estilizada de se descrever a força divina que ceifa a vida na carne.

Na verdade, a energia que rompe o fio da vida na carne é de cor escura, e tanto pode parti-lo num piscar de olhos quando a
morte é natural e fulminante, como pode ir se condensando em torno dele, envolvendo-o todo até alcançar o espírito, que já entrou em
desarmonia vibratória porque a passagem deve ser lenta, induzindo o ser a aceitar seu desencarne de forma passiva.

O orixá Omulu atua em todas as religiões e em algumas é nominado de "Anjo da Morte" e em outras de divindade ou "Senhor
dos Mortos".

No antigo Egito ele foi muito cultuado e difundido e foi dali que partiram sacerdotes que o divulgaram em muitas culturas de
então. Mas com o advento do Cristianismo seu culto foi desestimulado já que a religião cristã recorre aos termos "anjo" e "arcanjo"
para designar as divindades. Logo, nada mais lógico do que recorrer ao arquétipo tão temido do "Anjo da Morte", todo coberto de preto
e portando o alfanje da morte, para preencher a lacuna surgida com o ostracismo do orixá ou divindade responsável por este momento
tão delicado na vida dos seres.

O culto a Tatá Omulu surgiu entre os negros levados como escravos ao antigo Egito, que o identificaram como um orixá e o
adaptaram às suas culturas e religiões. Com o tempo, ele foi, a partir desse sincretismo, assumindo sua forma definitiva, até que
alcançou o grau de divindade ligada à morte, à medicina e às doenças. Já em outras regiões da África, este mistério foi assumindo
outras feições e outros orixás semelhantes surgiram, foram cultuados e se humanizaram. "Humanizar-se" significa que o orixá ou a
divindade assumiu feições humanas, compreensíveis por nós e de mais fácil assimilação e interpretação.

Tatá Omulu não vibra menos amor por nós do que qualquer um dos outros orixás e está assentado na Coroa Divina, pois é um
dos Tronos de Zambi, o Divino Criador.

Atotô, meu pai!

TRECHOS EXTRAÍDOS DO LIVRO "O CÓDIGO DA UMBANDA" DE RUBENS SARACENI; E QUE SE ENCONTRA, TAMBÉM, NO SITE GUARDIÕES DA LUZ.

CIGANO TRISTE



Cigano zingaro e gira mundo
Que conhece esse mundo de cór
Canta com sua calma
Canta com sua alma
Para que o mundo seja melhor

Canta, canta cigano
Toca no teu violão
A mais bela canção
Pois a verdadeira alma é o coração

Canta,canta cigano triste
Que não sabe porque existe
Nem conhece sua verdadeira morada
Só conhece esse mundo de fantasia
Que já não tem mais primazia
É só o nada q leva a nada

Eu sei porque da sua tristeza
É porque a mãe natureza
Esta em transformação
E os valores estão em liquidação

Não fique triste por um nada
Pois tua verdadeira morada
O teu mundo original
É um mundo superior
É um mundo de luz e de amor
É o mundo racional.

www.universoemdesencanto.com.br

CALMA E AUXÍLIO‏



Trabalha sempre, mas não desprezes a calma em que te retomes a fim de pensar com acerto.

Isso é da própria natureza.

O rio para mover a usina do progresso exige a represa em que as águas estacionam no impacto de forças tecnicamente organizadas.

Conserva a entrada do coração acessível a todos os companheiros que te cerquem, tantos deles agoniados, a te rogarem concurso e consolação.

Que o teu sorriso seja o porteiro dos teus sentimentos, encorajando-lhes as energias.

Em torno de ti, enxameiam os tristes, os torturados, os infelizes, os desorientados e todos aqueles que, por falta de fé, se transviaram no torvelinho do desespero.

Repontam de tua própria casa do teu grupo de serviço, do bairro em que reside e da cidade em que te situas.

Sê para eles um refúgio de paz e de esperança.

Aprende a ouvir com paciência para que possas esclarecer com discernimento e serenidade.

Se te afliges com o problema que te trazem, entrega a questão a Deus e mantém-te disponível, para que não te prives da oportunidade de auxiliar.

Guarda a diligência sem pressa e oferece a todos os que te busquem o reconforto de que necessitem, a fim de seguirem adiante.

Assim compreenderás, com a bênção da calma em ti mesmo, que prosseguirás com o ensejo de construir incessantemente no bem dos semelhantes, reconhecendo que o tempo, na vida de cada um de nós, é uma doação preciosa de Deus.

Se aceitaste Jesus por mestre da vida, trazes contigo a chama capaz de acender a fé nos companheiros que vagueiam no mundo, à maneira de lágrimas apagadas.

Prossegue amando.

pelo Espírito Meimei - do Livro Palavras Do Coração – Psicografia: Francisco Cândido Xavier.

Jesus, o Diabo e a Umbanda



Por Alexandre Cumino

Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro de 2008


Jesus se recolheu no deserto por 40 dias e neste período foi tentado pelo diabo três vezes. Vejamos o que fala a Bíblia (Matheus 3-4):

"Então Jesus foi levado pelo espírito para o deserto, para ser tentado pelo diabo, 3X:

1 - Se és filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.

- Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.

2 - Se és filho de Deus atira-te para baixo, porque está escrito:

Ele dará ordem a seus anjos a teu respeito, e eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.

- Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.

3 Mostrando todos os reinos do mundo, fala o tentador:

- Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.

- Vai-te Satanás, porque está escrito:

Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto".

Este é o poder da Bíblia, da palavra e de Jesus, reunir muitos ensinamentos em poucas palavras, ensinamentos que vão além do tempo e da cultura, são vivos até hoje.

Que tal uma reflexão para a Umbanda?

Podemos começar com o recolhimento de Jesus, nos mostrando que há momentos que se faz necessário nossos recolhimentos para uma reflexão sobre a vida e para alcançar níveis mais elevados de consciência, através de provas e iniciações.

Quem é o diabo?

Pode ser muitas coisas, desde uma entidade, um anjo caído, um ser que representa o mal, uma outra pessoa ou sim­plesmente o nosso lado som­brio, nosso ego , nossas pai­xões e desejos que devem ser vencidos.

Mas a melhor reflexão cabe às três tentações, pois Cristo rejeita exatamente o que médiuns e consulentes pedem para alcançar através da Umbanda.

Vejamos:

a.. Transformar pedra em pão

Quantos esperam de­mons­trações de poder para solucionar sua "fome" de for­ma instantânea.

a.. Atira-te para baixo

Muitos esperam da Um­banda proteção sobre humana para fazerem o que bem entenderem.

a.. Tudo isto te darei

Quanto a esta o diabo nem precisa oferecer é tudo o que boa parte espera "ganhar" com a Umbanda, os reinos deste mundo, esquecendo-se que o que está acima do altar não é uma "barra de ouro" e sim o "ouro da vida".
Esta é uma crítica para refletirmos qual o papel da religião em nossa vida,
que com certeza não é produzir milagres, nem satisfazer nossos desejos.
O ser humano passa anos criando e ali­mentando seus problemas e complica­ções,
depois espera que um caboclo ou preto-velho o resolva num estalar de de­dos.
O ser humano se mostra descrente e exige um milagre para sair desta sua condição de desilusão da vida.
O ser humano não quer ser humano, quer ser Deus - no sentido egoísta da pa­la­vra,
pois todos somos deuses - o mito do anjo caído diz respeito ao próprio ser hu­mano, que dá ouvidos á suas vaidades, desejos e paixões.
A religião é um convite para conhecermos melhor a nós mesmos, nos espiritualizarmos e buscar uma vida feliz independente do que temos ou possuímos.

Alexandre Cumino

A Culpa é Sua !!!



"A verdade surge mais facilmente do erro do que da confusão" - Francis Bacon -


Por Rodrigo Queiroz

Quarta-feira, 8h50min, ple­no trânsi­to, eu já es­ta­va pen­sando que este era um dia que começou errado... aí toca o tele­fone. Do outro lado, uma voz gritante e desesperada anuncia:
- Rodrigo, o Templo foi arrombado! - gritou.
"Pronto, mais essa!" - pensei... - Ok.
- esta foi a resposta.
Afinal, além de tudo, nem me desesperar eu podia, uma vez que tinha que passar tran­qüilidade para a outra pessoa.
Imediatamente mudei minha rota indo ao encontro do Templo.
No cami­nho refletia sobre o caso e minha men­te trazia à luz muitas lembranças:
"Dos bens físicos (materiais) cuidem vocês, nós cuidamos do espírito"
- res­posta do Sr. Guardião Tranca Ruas a um filho de fé quando seu carro foi as­sal­tado em frente ao Templo, e detalhe, o alarme estava desligado e a porta aberta; ele queria que Exu tomasse conta!
Lembrando disso, ainda achei graça.
Enfim, muitas vezes nos depara­mos com essas situações de "deses­pero" e,
ou jogamos a culpa no Exu ou em Deus, sei lá, em algo ou alguém que não seja nós mesmos.
Particular­mente, senti um pouco de vergonha,
pois venho falando isso há tempos com a comunidade,
sabia que a porta era frágil (muito frágil).
No entanto, vamos deixando para amanhã o que nos cabe fazer agora.
Venho compartilhar isso com você, leitor, para lhe questionar:
Aquilo que está errado na sua vida ou te pegando de surpresa, não é culpa sua?
Quantas vezes você está sendo "ata­cado" ou prejudicado pelo simples fato do comodismo ou de manter sua guarda baixa?
Até que ponto você faz por onde merecer a sustentação Divina e garantir a harmonia do cotidiano?
É fato que existe uma separação entre o que te cabe e o que cabe ao Divino, mesmo o Divino podendo tudo.
Podemos alegar problemas sociais, culturais, políticos para justificar as infinitas atrocidades do dia-a-dia, mas tudo bem, o que lhe cabe?
Neste meu caso deveria ter feito o que fiz depois da invasão.
Mas já sabia que isso deveria ter sido feito. Era destino? Não creio.
Contudo, lembrei de um causo de Preto Velho mais ou menos assim:
"Certa noite chega uma consulente aos pés do Preto Velho e questiona por­que que Deus tirou a vida do seu pai,
sendo que ele era tão temente a Deus, se para tudo que ia fazer, orava a Deus.
- O que aconteceu fia? - perguntou o Nêgo.
- Saímos de viagem e meu pai parou no acostamento para rezar, pedindo a Deus que tudo saísse bem na viagem e, quando ele saiu do acostamento, não viu o caminhão, que bateu no carro e matou meu pai querido.
- É fia, vosso pai se preocupou de­mais com as coisas do Céu e esqueceu da Terra."

Pense nisso!

Saravá,

Rodrigo Queiroz

Zélio de Moraes por Zélio de Moraes - JUS 2008


POR ALEXANDRE CUMINO

Mês que vem a Umbanda co­memora seu primeiro cen­tenário,


que tem como marco a incorpo­ração do Caboclo Sete Encruzi­lhadas em seu médium Zélio Fernandino de Mo­raes (15/11/1908)


e a fundação do primeiro templo de Umbanda (Tenda Es­pírita Nossa Senhora da Piedade).


Em homenagem e come­mo­ração ao Centenário da Umbanda é que o Jornal de Umbanda Sa­gra­da


inicia nesta edição a publi­cação de repor­tagens,


matérias e textos que remontem a Memória da Um­banda,


mostrando assim que Umbanda tem História.


Para dar início, voltamos até o ano de 1972,


repro­duzindo uma reportagem em que o próprio Zélio de Moraes con­ta sua história,


de como tudo co­me­çou na Umbanda.


Con­sideramos importante este trabalho para a religião,


pois boa par­te do material que tivemos aces­so nestes anos é desconhe­cido pela maioria dos Umbandistas.


Também esperamos nos pró­ximos meses publicar partes de tex­tos dos primeiros autores Um­bandistas como Leal de Souza, Lourenço Braga, Aluízio Fontenele, Florisbela Franco, Yokaanan, Ca­pitão Pessoa, Benjamim Figuei­redo, João Severino Ramos, João de Freitas, Oliveira Magno, Sílvio Pereira Maciel, Tata Tan­credo, Emanuel Zespo e outros tantos que foram os pio­neiros na literatura umban­dista.


Também esperamos publicar algu­mas das reportagens e entre­vistas com Zélio de Moraes realiza­das pela Sra. Lilia Ribeiro que foi dirigente da TULEF (Tenda de Um­banda Luz, Esperança e Caridade) e responsável pelo boletim MACAIA.


Pedimos ao Caboclo das Sete Encruzilhadas que nos ampare e guie nesta missão que assumimos.


Zélio de Moraes por Zélio de Moraes


Jornal de Umbanda Sagrada - Outubro de 2008


"A Umbanda existe há 64 anos!"


Este é o título da reportagem, com Zélio


de Moraes, feita por Lília Ribeiro, Lucy


e Creuza para a revista Gira da Umbanda, ano 1 - numero 1 - 1972.


A revista foi editada por Atila Nunes Filho e traz na capa a chamada:


EXCLUSIVO: "Eu Fundei a Umbanda"


Reportagem e fotos: Lília Ribeiro, Lucy e Creuza.


Com 82 anos de idade, este homem é considerado por um pequeno grupo de umbandistas "o funda­dor da Umbanda".


Cabelos grisalhos, fisionomia serena e simples, Zélio de Moraes, através do seu guia espiritual,


o Caboclo das Sete Encruzi­lhadas, só sabe praticar o amor e a humil­dade.


"- Na minha família, todos são da mari­nha: almirantes, comandantes, um capitão-de-mar-e-guerra...


Só eu que não sou nada..." - comentava sorrindo Zélio de Moraes, aos amigos que o visitavam, nessa manhã ensolarada.


E a repórter, antes mesmo de se apre­sentar, retrucou:


"- Almirantes ilustres, capitães-de-mar-e-guerra há muitos;


o médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas, porém, é um só".


Levantando-se, Zélio de Moraes - ma­grinho, de estatura mediana, cabelos grisalhos, fisionomia serena e de uma simplicidade sem igual - acolheu-me, como se fôssemos velhos conhecidos. Nesse ambiente cordial, sentindo-me completa­mente à vontade, possuída de estranho bem-estar, esquecendo, quase, a minha função jornalística, iniciei uma palestra, que se prolongaria por várias horas, deixando-me uma impressão inesquecível.


Perguntei-lhe como ocorrera a eclo­são de sua mediunidade e de que forma se manifestara, pela primeira vez, o Caboclo das Sete Encruzilhadas.


"- Eu estava paralítico, desenganado pelos médicos.


Certo dia, para surpresa de minha família, sentei-me na cama e disse que no dia seguinte estaria curado.


Isso a foi a 14 de novembro de 1908.


Eu tinha 18 anos.


No dia 15, amanheci bom.


Meus pais eram católicos, mas, diante dessa cura inexplicável, resolveram levar-me à Fede­ração Espírita de Niterói, cujo presidente era o Sr. José de Souza.


Foi ele mesmo quem me chamou para que ocupasse um lugar à mesa de trabalhos, à sua direita.


Senti-me deslocado, constrangido, em meio àqueles senhores.


E causei logo um pequeno tumulto.


Sem saber porque em dado momento, eu disse:


"Falta uma flor nesta mesa; vou buscá-la".


E, apesar da advertência de que não me poderia afastar, levantei-me, fui ao jardim e voltei com uma flor que coloquei no centro da mesa.


Sere­nado o ambiente e iniciados os trabalhos, verifiquei que os espíritos que se apre­sentavam ao videntes como índios e pretos, eram convidados a se afastar.


Foi então que, impelido por uma força estranha, levantei-me outra vez e perguntei porque não se podiam manifestar esses espíritos que, embora de aspecto humilde, eram trabalhadores.


Estabeleceu-se um debate e um dos videntes, tomando a palavra, indagou:


- "O irmão é um padre jesuíta. Por que fala dessa maneira e qual é o seu nome?"


Respondi sem querer:


- "Amanhã estarei em casa deste aparelho, simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas".


Minha família ficou apavorada.


No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na Rua Floriano Peixoto, onde eu morava, no número 30.


Parentes, desconhecidos, os tios, que eram sacerdotes católicos e quase todos os membros da Federação Espírita, naturalmente em busca de uma comprovação.


O Caboclo das Sete En­cruzilhadas manifestou-se, dando-nos a primeira sessão de Umbanda na forma em que, daí para frente, realizaria os seus tra­balhos.


Como primeira prova de sua pre­sença, através do passe, curou um para­lítico, entregando a conclusão da cura ao Preto Velho, Pai Antonio, que nesse mes­mo dia se apresentou.


Estava criada a primeira Tenda de Umbanda, com o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como a imagem de Maria ampara em seus braços o Filho, seria o amparo de todos os que a ela recorressem.


O Caboclo determinou que as sessões seriam diárias; das 20 às 22 horas e o atendimento gra­tuito, obedecendo ao lema:


"daí de graça o que de graça recebestes".


O uniforme totalmente branco e sapato tênis.


Desse dia em diante, já ao amanhecer havia gente à porta, em busca de passes, cura e conselhos.


Médiuns que não tinha a oportunidade de trabalhar espiritualmen­te por só receberem entidades que se apresentavam como Caboclos e Pretos Velhos, passaram a cooperar nos traba­lhos.


Outros, considerados portadores de doenças mentais desconhecidas revela­ram-se médiuns excepcionais, de incor­poração e de transporte".


Citando nomes e datas, com precisão extraordinária, Zélio de Moraes relata o que foram os primeiros anos de sua ativi­dade mediúnica. Dez anos depois, o Cabo­clo das Sete Encruzilhadas anunciou a se­gunda fase de sua missão: a fundação de sete templos de Umbanda e, nas reuniões doutrinárias que realizava às quintas-feiras, foi destacando os médiuns que assumiriam a direção das novas tendas: a primeira, com o nome de Nossa Senhora da Con­ceição e, sucessivamente, Nossa Senhora da Guia, São Pedro, Santa Bárbara, São Jorge, Oxalá e São Jerônimo.


"- Na época - prossegue Zélio - imperava a feitiçaria; trabalhava-se muito para o mal, através de objetos materiais, aves e animais sacrificados, tudo a preços elevadíssimos. Para combater esses trabalhos de magia negativa, o Caboclo trouxe outra entidade, o Orixá Malé, que destruía esses malefícios e curava obsedados. Ainda hoje isso existe: há quem trabalhe para fazer ou des­man­char feitiçarias, só para ganhar dinhei­ro. Mas eu digo: não ninguém que possa contar que eu cobrei um tostão pelas curar que se realizavam em nossa casa; milhares de obsedados, encami­nha­dos inclusive pelos médicos dos sana­tórios de doentes mentais... E quando apresentavam ao Caboclo a relação desses enfermos, ele indicava os que poderiam ser curados espiritual­mente; os outros dependiam de tratamentos material..."


Perguntei então a Zélio, a sua opinião sobre o sacrifício de animais que alguns médiuns fazem na intenção dos Ori­xás.


Zélio absteve-se de opinar, limi­tou-se a dizer:


"- Os meus guias nunca man­da­ram sacrificar animais, nem permitiriam que se cobrasse um centavo pelos trabalhos efetuados. No Espiritismo não pode pensar em ganhar dinheiro; deve-se pensar em Deus e no preparo da vida futura."


O Caboclo das Sete Encruzilhadas não adotava atabaques nem palmas para marcar o ritmo dos cânticos e nem objetos de adorno, como capacetes, cocares, etc.


Quanto ao número de guias a ser usado pelo médium, Zélio opina:


"- A guia deve ser feita de acordo com os protetores que se manifestam. Para o Preto Velho deve-se usar a guia de Preto Velho; para o Caboclo, a guia correspon­dente ao Caboclo. É o bastante. Não há necessidade de carregar cinco ou dez guias no pescoço..."


Considera o Exu um espírito traba­lhador como os outros:


"- O trabalho com os Exus requer muito cuidado. É fácil ao mau médium dar manifestação como Exu e ser, na realidade, um espírito atrasado, como acontece, também, na incorporação de Criança. Considero o Exu um espírito que foi despertado das trevas e, progredindo na escala evolutiva, trabalha em benefício dos necessitados. O Caboclo das Sete Encru­zilhadas ensinava o que Exu é, como na polícia, o soldado. O chefe de polícia não prende o malfeitor; o delegado também não prende. Quem prende é o soldado que executa as ordens dos chefes. E o Exu é um espírito que se prontifica a fazer o bem, porque cada passo que dá em benefício de alguém é mais uma luz que adquire. Atrair o espírito atrasado que estiver obsedando e afastá-lo, é um dos seus trabalhos.


E é assim que vai evoluindo. Torna-se portanto, um auxiliar do Orixá.


CINQUENTA ANOS


DE ATIVIDADE MEDIÚNICA:


Relembrando fatos passados em mais de meio século de atividade espiritualista, Zélio refere-se a centenas de tendas de Umbanda fundadas na Guanabara, em São Paulo, Estado do Rio, Minas, Espírito Santo, Rio Grande do Sul. A Federação de Um­banda do Brasil, hoje União Espiritista de Umbanda do Brasil, foi criada por deter­minação do Caboclo das Sete Encru­zilhadas, a 26 de agosto de 1939.


Da Tenda Nossa Senhora da Piedade saiam constantemente médiuns de capa­cidade comprovada, com a missão de diri­girem novos templos umbandistas; en­tre eles, José Meireles, na época deputado federal; José Álvares Pessoa, que deixou uma lembrança indelével de sua extraor­dinária cultura espiritualista; Martinho Men­des Ferreira, atual presidente da Congre­gação Espírita Umbandista do Brasil; Carlos Monte de Almeida um dos diretores de culto da T.U.L.E.F.; João Severino Ramos, trabalhando ainda hoje, ativamente, inclusive na Assessoria de Culto do Con­selho Nacional Deliberativo da Umbanda.


Outros, fugindo às rígidas determinações de humildade e caridade do Caboclo das Sete Encruzilhadas, des­virtuaram normas do culto.


Mas a Umbanda, preconizada através da me­diunidade de Zélio de Moraes, difundiu-se extraordinariamente e hoje podemos en­con­trar suas características em tendas modestas e nos grandes templos, como o Caminheiros da Verdade e a Tenda Mirim, nos quais a orientação de João Carneiro de Almeida e Benjamin Figueiredo mantém elevado nível de espiritualidade, no Primado de Umbanda, uma das mais perfeitas entidades associativas da nossa Religião.


Durante mais de cinqüenta anos, o Caboclo das Sete Encruzilhadas dirigiu a Tenda Nossa Senhora da Piedade; após esse tempo, passou a direção à filha mais velha do médium, dona Zélia, aparelho do Caboclo Sete Flechas.


Entretanto, Pai Antonio continua trabalhando, na cabana que tem o seu nome, localizada num sítio maravilhoso, em Cachoeiras de Macacu. O Caboclo manifesta-se ainda em datas especiais, como foi, por exemplo, o 63º aniversário daquela tenda.


Da gravação feita durante a celebração festiva, repro­duzimos para os leitores,


o trecho final da mensagem do Caboclo das Sete Encru­zilhadas:


"A Umbanda tem progredido e vai progredir muito ainda. É preciso haver sinceridade, amor de irmão para irmão, para que a vil moeda não venha a destruir o médium, que será mais tarde expulso, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. É preciso estar sempre de pre­venção contra os obsessores, que podem atingir o médium. É preciso ter cuidado e haver moral, para que a Umbanda progri­da e seja sempre uma Umbanda de humil­dade, amor e caridade. Essa é a nossa bandeira. Meus irmãos: sêde humildes, trazei amor no coração para que pela vossa mediunidade possa baixar um espírito superior; sempre afinados com a virtude que Jesus pregou na Terra, para que venha buscar socorro em vossas casas de caridade, todo o Brasil... Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humilde manjedoura, não foi por acaso, não. Foi o Pai que assim o determinou. Que o nascimento de Jesus, o espírito que viria traçar à humanidade o caminho de obter a paz, saúde e felicidade, a humildade em que ele baixou neste planeta, a estrela que iluminou aquele estábulo, sirva para vós, iluminando vossos espíritos, retirando os escuros da maldade por pensamento, por ações; que Deus perdoe tudo o que tiverdes feito ou as maldades que podeis haver pensado, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos espíritos que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos curados e a saúde para sempre em vossa matéria. Com o meu voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e serei sempre o humilde CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS.


Transcrição completa da entrevista com Zélio de Moraes, feita por Lília Ribeiro, Lucy e Creuza para a revista Gira da Umbanda, ano 1 - número 1 - 1972, pesquisado por Alexandre Cumino e publicado no Jornal de Umbanda Sagrada de Outubro de 2008.


PS.: Foi graças a esta revista, Giro da Umbanda, e a esta entrevista que o Sacerdote de Umbanda Ronaldo Linares tomou a iniciativa de procurar Zélio de Moraes, tornou-se seu amigo e o maior divulgador da mensagem do Caboclo Sete Encruzilhadas em São Paulo.


Foi também com o apoio de Zélio de Moraes que Pai Ronaldo Linares instituiu o curso de Sacerdotes da FUGABC, que já está no 26º Barco (Turma).


O que é confirmado no livro Umbanda Cristã e Brasileira do autor Jota Alves de Oliveira (Ediouro, p.46):


Estivemos com Zélio de Moraes, mais uma vez, no sítio de Boca do Mato, às vésperas da data consagrada à Oxossi. Ouvimos de Zélio e Zilméia, a descrição do que foi a grande concentração promovida pela Federação Umbandista do Grande ABC, de Santo André, estado de São Paulo, em homenagem a Zélio... aquela Federação, presidida por Ronaldo Linares, visa uniformizar o culto dos templos umbandistas, excluindo gradativamente do ritual os preceitos já superados, a fim de atingir, na prática, o conceito definido pelo Caboclo: Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

RECOMEÇAR

RECOMEÇAR

Sempre é tempo de recomeçar.
Em qualquer situação podemos abrir novas portas, conhecer novos lugares, novas pessoas, ter outros sonhos.
Renovar o nosso compromisso com a vida e assim, renascer para a vida e alcançar a felicidade.
Não importa quem te feriu, o importante é que você ficou.
Não interessa o que te faltou, tudo pode ser conquistado.
Não se ligue em quem te traiu, você foi fiel.
Não se lamente por quem se foi, cada um tem seu tempo.
Não reclame da dor, ela é a conselheira que nos chama de volta ao caminho.
Não se espante com as pessoas, cada um carrega dentro de si, dores e marcas que alteram o seu comportamento, ora estamos felizes e transbordamos de alegria e paz, ora estamos melancólicos e só queremos ficar sozinhos...
O mundo está cheio de novas oportunidades, basta olhar para a terra depois da chuva. Veja quantas plantinhas estão surgindo, como o verde se espalha mais bonito e forte depois da tempestade.
As portas se abrem para os que não tem medo de enfrentar as adversidades da vida, para os que caíram, mas se levantam com o brilho de vitória nos olhos.
Todo o caminho tem duas mãos, uma que seguimos ainda com passos inseguros, com medo, porque não sabemos ainda o que vamos encontrar lá na frente, na volta, mesmo derrotados, já sabemos o que tem no caminho, e quando um dia, resolvemos enfrentar os nossos medos e fazer essa viagem novamente, somos mais fortes, nossos passos são mais firmes, já sabemos onde e como chegar ao destino, o destino é a vitória, o seu destino é ser feliz, eu creio nisso, e você?
Você está pronto para recomeçar?
O caminho está a tua espera, pé na estrada, coloque um sonho na alma, fé no coração e esperança na mochila, a vida se enche de novidades para os que se aventuram na viagem que conduz a verdadeira liberdade.



Reverente

A atitude reverente e na disposição de aprofundar os relacionamentos com as pessoas e todos os seres da Natureza. Uma forte tempestade, a delicadeza de uma flor, assim como o misterioso processo de crescimento de um bebê no útero materno inspiram a reverência pela vida. Nossa alma muitas vezes nos coloca em situação nos quais devemos exercitar uma devoção reverente e nos concientizar da vasta interconexão que existe entre todos os seres. É fácil ser reverente quando nos maravilhamos diante dos muitos milagres da vida e percebemos a presença do sagrado nas ações mais rotineiras.

Reconheça que o Divino está dentro de cada um de nós e ele é somente solidificado pelos seus pensamentos, e os seus atos são somente respostas significativas da sincronicidade da sua atenção e intuição.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008